Fab Morvan (esq.) e Rob Pillatus
O embuste de Milli Vanilli
Quem cresceu durante os anos 80 pode até se lembrar de
dois rapazes bem apessoados que fizeram muito sucesso com a banda Milli
Vanilli, uma dupla produzida a partir da Alemanha, em 1988. Foi um sucesso
mundial e os dois ganharam muitos prêmios e atenção da mídia. O sucesso deles
era estrondoso e eles pareciam aproveitar o sucesso.
Na semana passada eu falei sobre lip-synching
(ato de dublar a si mesmo em shows ao vivo) e Milly Vanilli se encaixa um pouco
nisso, mas a outro nível. Acredito que se fosse só isso que eles faziam, não
teria tanto problema.
Para que vocês compreendam o que
estou falando vou narrar um breve histórico da banda. O produtor Frank Farian
conheceu Fabrice “Fab” Morvan e Rob
Pillatus (falecido em 1998) e achou que eles tinham a aparência e o físico para
fazer sucesso na indústria da música. Porém, ele não achava que eles tinham a
voz para dar suporte à aparência deles. A solução que ele encontrou foi
simples: Fabrice e Rob seriam a cara da marca (Milli Vanilli) e os cantores que
realmente davam a voz para o grupo eram Charles Shaw, John Davis e Brad Howell.
O escândalo foi estrondoso na mídia. Acredito que foi tão forte que hoje quase
ninguém lembra deles – eu não teria sabido deles se não fosse um livro de
inglês, pasmem – e Fabrice, o que segue vivo, ainda tenta reproduzir os
sucessos do passado, mas sem sucesso. A verdade é que quando a verdade veio à
tona a reputação deles foi abaixo e eles não tiveram mais espaço na indústria
da música. Eles foram forçados a devolver todos os discos de ouro e
reconhecimentos pelo engodo.
O que aconteceu foi que durante um
show ao vivo para a MTV eles estavam lip-synching
como sempre faziam, mas a fita emperrou e começou a repetir a mesma linha
várias vezes. O público não pareceu notar – ou se importar – mas a mídia foi
incisiva. Até então tudo de que eles eram culpados era de dublarem a si mesmos,
certo? Errado. Logo após o incidente Charles Shaw declarou que a dupla não era
a verdadeira voz do Milli Vanilli. Posteriormente ele negou, mas acredita-se
que tenha sido pago – e muito bem – para retirar seu comentário.
Naturalmente as suspeitas agora
contra o duo eram tão grandes que a situação ficou insustentável e eles se
viram forçados a desmanchar o grupo. Rob, que tinha problemas com uso de
cocaína, acabou morrendo devido ao vício em 1998 e Fabrice segue cantando os
hits do Milli Vanilli, mas como disse antes, sem conseguir alcançar a mesma
fama.
Em situações assim a Indústria da
Música é bastante cruel e não existem segundas chances. A história dessa banda e do que aconteceu com
ela me faz pensar como essa indústria é capaz de dar espaço para tais embustes,
perseguindo fama e dinheiro. Eu fico pensando se hoje em dia ainda podemos nos
deparar com outro Milli Vanilli. Eu
acho que sim. Existem cantores famosos que fazem uso de um recurso eletrônico
conhecido como auto-tune que faz exatamente isso, ajusta o tom da sua voz
cantando. Mais ou menos como ajustamos um texto a uma página de Word.
Assustador, não é?
O que você sentiria se soubesse que
aquele cantor ou cantora que você adora fizesse o que o Milli Vanilli fez? Essa
é a pergunta de um milhão de dólares...

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